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Fogo de Artifício

Cansei.

Aquele auge no qual não sobra espaço para o vazio. Eu sou esse auge.

Passei anos da minha vida sem atear fogo com medo do incêndio e por isso nunca me dei ao prazer de ver tudo a arder. Anos e anos a evitar o confronto, a prevenir a discussão, a dar uma distância de segurança. Eu era a distância de segurança entre o fogo e o rastilho. 

Cansei.

Os quarenta trouxeram-me a crise que eu nunca achei real. E nem quarenta tenho. Como será quando lá estiver? Nem quero imaginar. Porque o filtro que outrora me era orgânico dissipou e da minha boca foge o fogo que se vê no céu.

Entre um e outro estava eu, acalmando as feras, impedindo rugidos e certamente sem qualquer tipo de disparo. E uns e outros viveram felizes para sempre. Ou até que eu, eu mesma, conseguisse segurar o fogo.

O que nunca, mas mesmo nunca, me apercebi é que “cão que ladra não morde” mas os latidos acabaram sim por morder, mas só a mim, de tanto bater no meu tímpano. E como vozes de burro não chegam ao céu, elas ficaram apenas comigo. A burra mor que nunca, mas mesmo nunca deixou atear fogo. 

E quando a própria virou cinza, esperei que a distância de segurança que eu era, já inexistente virasse explosão. Como o fogo e gasolina. Ao invés virou: Fogo de Artifício.

Como pude eu perder tal espetáculo? 

De hora avante, vou deixar o fogo atear e esperar por espetáculo semelhante! 

Por Rita Burmester

é o nome artístico de Rita. Sendo que o nome registado é Rita, muitos nomes entretanto, Moreira. Licenciada em teatro, escolheu o nome Rita Burmester para figurar como escritora, dramaturga, atriz e encenadora. Desde então tem vindo a colaborar com diversas companhias, mas foi na ATE que mais desenvolveu o seu trabalho como atriz, uma vez que para além de a ter fundado em parceria, também produziu, fez gestão cultural e dava sempre uma ajuda em todas as funções necessárias. Foi então que nasceu Rita Moreira a produtora, antes já havia colaborado como produtora, mas assinava sempre como Rita Burmester. Para que deixasse de haver dúvidas na altura de atender um telefonema Rita passou a ser Rita Moreira a Produtora e desde lá tem estado em projetos de Cinema, Teatro e Artes Plásticas. Tem um currículo vasto em Serviço Educativo porque acha que a arte tem de estar presente desde a nossa tenra idade. Do Mestrado em Ciências da Comunicação ficaram sobretudo as saudades do estágio na Rádio Nova. Atualmente assina como Rita Burmester Moreira, a maior parte das vezes, mas aqui não. Para esclarecer melhor esta situação é sempre bom marcar um café, porque é o único momento de pausa. Sendo os momentos de pausa tão escassos ainda está em Aveiro a desenvolver um projeto de doutoramento em Estudo Culturais.

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