ela disse
que disse ela?
ela disse
e disse
ponto
ela disse
voltou a dizer
disse e reforçou
disse ela
o que disse
foi
exatamente
o que ela disse
ela disse
que disse ela?
ela disse
que disse ela?
ela disse
e disse
ponto
ela disse
voltou a dizer
disse e reforçou
disse ela
o que disse
foi
exatamente
o que ela disse
ela disse
que disse ela?
Já bebi o suficiente para dizer que tenho saudades tuas.
Ignora.
Sobretudo,
se o teu estado for diferente do meu.
Entretanto,
se te afogares na bebida
e te lembrares de mim,
escreve-me.
Mesmo que para me dizer:
Já bebi o suficiente para dizer que tenho saudades tuas.
“O céu está nuvelado.
Também eu estou nuvelado.”
– Diz um senhor ao cão que passeia.
.
.
.
Não insisto com a minha memória.
De momento, não tem nada para me dar.
.
.
.
A vida são dois dias.
Três em anos bissextos.
No nosso coração o que ouvimos Nos olhos o que sentimos Nos ouvidos O que lemos Na alma Com várias portas da frente, que tem código das traseiras que se trepa da cave que é pequena e rastejamos Por onde se entra? Não há portas Arrombamos e deitamos abaixo Ficam as janelas Espreitamos Saltamos Somos. Contenta-te contigo Atenta-te a ti Ao amor que não deve ser gratuito Ao amor que não se agradece Ao amor que não me pertence Onde te falo com o meu silencio E toco-te com a nossa distância Choro-te Por ti Por nós Por quem não sou Por quem não podemos ser Contento-me contigo Atento-me a ti Amo-te Agradeço-te Nós em nós Não entendo apenas sinto Procurei-te onde não me achava Achei-te como num plágio de mim Achei-me como num plágio de ti. Sentes os meus olhos? Se os sentires Poderás ver bem o meu coração Cheiras os meus olhos? Se os cheirares Poderás cheirar a Primavera. Ouves os meus olhos? Se os ouvires Poderás ouvir o mar Vês os meus olhos? Se os olhares Poderás ver o amarelo.
O navio corta a água.
A água estremece, divaga, solta a espuma para sarar a ferida. E espera que esta se dissipe.
O tempo ajuda a ferida a sarar, que o rasgo afunde e que a água volte.
Até passar o próximo navio.
Não estás, nunca, no lugar que sou
Vejo-te nos meus passados
Aqueles que vou desfolhando
Não és senão uma mancha de ontens esfarrapados
E manhãs sem luz na janela
Não estás nunca no lugar que sou,
Não agora, talvez nunca.
Não entendo
apenas sinto
Procurei-te onde não me achava
Achei-te
como num plágio de mim
Achei-me
como num plágio de ti.