Amor Paralelo:
Vi-te pela primeira vez num dia de sol, estavas encostado a um muro e o sol entrava por uma frincha que te iluminava o rosto. Ao de leve. O sol. Tu não.
Tu, refletiste o raio e irrompeste-me alma dentro para ficar para sempre. Porque o amor fica. O amor serena. Encontrei em ti paixão, fogo e foi quando isso aconteceu que me destruíste ao ponto de correr mar dentro para ver se salvava alguma parte do corpo que incendiaste. E as ondas levaram as chamas trazendo a serenidade. Pensei, juro, que nesse dia fosse com o mar aquele raio de sol que te iluminou e com o qual me irrompeste. Porém, a luz ficou. Serenei e aceitei-te na minha vida de uma forma estranha, tão estranha que só pode pertencer a outro mundo. Neste, não há lugar.
Aceitei e fui transparente. Aceitei e nenhuma dor mais aconteceu até hoje, o raio continua lá tu estás iluminado com ele, mas ao contrário daquele dia já não o refletes. Absorves, e eu não compreendo.
Onde está a transparência que me fez aceitar?
“A minha alma caiu partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.”
E eu?
Fiz-me “(…) em mais pedaços que a loiça que havia no vaso.”.
(Álvaro de Campos)
É quando reparo isto, que saio desse mundo paralelo que nós criámos para juntar os pedaços. Quando saio, o portal fechou, tal qual triângulo das bermudas, só abre quando a magia acontece, como o raio de sol que te iluminou e refletindo esse raio o portal abriu.
Entretanto, estou ocupada a juntar os pedaços da loiça. O amor ficou, estou com a mesma serenidade a juntar os pedaços da loiça até ver.
Da sempre tua
Ilusão